quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Revirada cultural abre mais uma exposição

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"REVEOLHAR" - Instalações, do artista plástico Edney Antunes,
MAG - abertura dia 09 de setembro de 2010, às 20h.



Edney Antunes: política, apropriação e participação.
O conjunto de instalações que Edney Antunes desenvolveu nos últimos anos exibe um alinhavo conceitual que coloca sua obra dentro de um campo de relações entre arte, política e mídia, tensionando em diferentes níveis questões relacionadas aos problemas debatidos tanto pelo circuito artístico quanto pela sociedade.
Surge, com freqüência, em sua produção um enunciado crítico sobre a distribuição de poder e de visibilidade dentro da própria instituição da arte, sobre o discurso estético manipulado politicamente pela História da Arte e pelo museu como depositário de coleção pública; em certo momento ele coloca em xeque o jogo entre a autoridade do curador e a liberdade do artista.
A apropriação é uma operação bastante recorrente – arrolam-se imagens de revistas e jornais, de celebridades e de acontecimentos, fotografias de autores e fotografias impessoais de crianças desaparecidas, depoimentos de pedintes e logomarcas de produtos agrícolas – e geralmente a reprodução do elemento apropriado no contexto da obra acontece com a aplicação de técnicas e veículos de natureza publicitária, como back-light, plotter e out-door.
Edney estrutura instalações cujos conteúdos são abordados com retórica descritiva ou narrativa, e faz isso como estratégia de aproximação com o público, preocupado com o envolvimento do espectador e em suas implicações. Muitas vezes ele propõe trabalhos interativos que operam com a participação direta do espectador no corpo da obra, convidado a chupar uma bala, a carimbar a mão, a apagar uma tarja sobre os olhos, ou simplesmente a olhar-se no espelho e ver-se refletido dentro da obra, e assim o sentido da visão do espectador passa, também, a ser explorado pelo artista.
Algumas instalações de Edney dão voz aos excluídos e marginalizados para promover a reflexão sobre a realidade social do Brasil; aí entram as imagens de crianças desaparecidas, os retratos dos mendigos, as falas dos pedintes, o prato do faminto. São ícones dos conflitos instalados na realidade de um país repleto de grandes contrastes e de descaso com a população pobre.
O título das obras, escritos em português ou em inglês, é elemento importante que instaura um campo de interpretação onde muitas vezes a ironia se faz presente. Nas obras de Edney o espectador é solicitado tanto a ver imagens e objetos quanto a ler mensagens e textos que funcionam como instruções e chamadas, como depoimentos de conteúdo impactante e como legendas que re-significam as imagens.
Divino Sobral

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